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O relógio do meu avô

Sempre tive um fascínio muito especial por relógios. Quando era criança, juntava dinheiro para comprar relógios na loja dos chineses. Sabia que os relógios não iam durar muito tempo, mas como gostava tanto (e não conseguia comprar relógios de marca), sempre que ia à cidade mais próxima de onde vivia (Ovar) fazia uma visita a uma loja dos chineses, na esperança de encontrar um relógio bonito.

Quando ia a uma festa popular, e encontrava uma máquina de jogos em que colocávamos uma moeda para tentarmos agarrar um relógio, mexendo apenas um joystick, lá chateava os meus pais, para me darem uma moeda, e ia tentar a minha sorte. É certo que as probabilidades não estavam do meu lado, mas num verão da minha infância finalmente consegui tirar um relógio, em troca de uma moeda de 100 escudos. Lembro-me de ter ficado tão feliz, e muito orgulhosa em exibir o meu novo relógio de plástico, com imensos botões e funcionalidades de cronometragem, fiquei radiante. Até que num fatídico dia decidi colocar o relógio na água (tinha o sonho de ter um relógio à prova de água) e nunca mais o relógio funcionou. Foi um dia muito triste, mas consegui ultrapassar a perda, focando-me no próximo relógio que iria comprar com as minhas mini poupanças.

A minha juventude e os relógios

Quando cresci mais um pouco, e comecei com os meus trabalhos de verão, deixava sempre uma verba para comprar um relógio. Nessa época adorava os relógios da marca Swatch, e sempre que passava numa loja que vendesse a marca, ficava a admirar os relógios na montra, e a fazer os planos para comprar o modelo que fosse o sucesso daquele ano. Entre os meus 15 e 22 anos investi muito dinheiro em relógios. Na faculdade e no meu círculo de amigos eu era a que tinha os relógios mais bonitos, mais modernos e a maior coleção. Sentia um imenso orgulho sempre que alguém elogiava um dos meus relógios, e andava sempre a fazer planos para comprar mais alguns.

O meu relógio favorito

O meu avô tinha um relógio de corda, que usava sempre ao fim de semana. Lembro-me de estar sentada na sua cozinha e vê-lo a olhar para o relógio pendurado na parede, dar à corda e acertar as horas no seu relógio de pulso. Achava aqueles gestos extraordinários. Como era possível o relógio funcionar perfeitamente, dando à corda, e sem que este não se atrasasse? Esta era uma questão que me colocava, sempre que o via a preparar o relógio.

Quando eu tinha 18 anos (2006) o meu avô faleceu. Foi a primeira perda que tive de alguém próximo, e foi a primeira vez que senti uma enorme necessidade de não me esquecer de uma pessoa. O meu avô David, foi o único avô que tive, quando eu nasci os meus avós paternos já tinham falecido, e a minha avó materna também. Só tive esse avô, e talvez seja por isso que sentia a necessidade de nunca o esquecer.

A minha paixão por relógios foi crescendo conforme me ia tornando adulta, e com mais possibilidades financeiras, para poder aumentar a minha coleção de relógios. Apesar de ir comprando novos relógios, pensava muitas vezes no relógio do meu avô, questionava-me muitas vezes se algum dos meus tios iria querer o relógio. Faltava-me a coragem para pedir aos meus familiares, para que o relógio ficasse comigo. Um dia, decidi perguntar a um familiar pelo relógio, e se alguém o queria. Fiquei surpreendida quando descobri que ninguém teve interesse no relógio, que o mesmo estava guardado e que poderia ficar para mim se assim o quisesse. Fiquem tão feliz 😊

Há alguns anos atrás o relógio foi-me finalmente oferecido, e desde então passou a ser o meu relógio favorito, com um enorme valor emocional. Sempre que tenho algo muito importante para fazer, é esse o relógio que uso. Sempre que olho para o relógio, lembro-me do meu avô, e fico com um sorriso no rosto.

O relógio do meu avô

O relógio do meu avô tem várias décadas de existência, a marca (Mayo) já não existe, penso que o relógio é da década de 60-70 do século passado, mas nunca consegui confirmar essa informação. Nenhum dos meus familiares, sabe exatamente quando o meu avô comprou o relógio. Quando faço essa questão à minha mãe, ela diz-me apenas que sempre se lembra do meu avô com esse relógio, que nunca teve outro.

Quando finalmente recebi o relógio do meu avô, a primeira coisa que quis fazer foi trocar a bracelete do relógio. A bracelete que ele tinha estava muito gasta, e também não favorecia o relógio, a fivela estava muito oxidada e com manchas, pelo que trocar a bracelete era essencial.

Quando comecei a pesquisar por braceletes para aquele relógio, percebi que não havia muita oferta. Era difícil perceber se ia ficar bem no relógio, e se seria fácil de trocar. Decidi então adiar a troca da bracelete por algum tempo.

Entretanto, e como precisei de trocar a bracelete noutros relógios, e senti exatamente as mesmas dificuldades, decidi (em 2018) iniciar o projeto da NorteSpring, cujo principal objetivo era disponibilizar braceletes universais de elevada qualidade, a um preço justo, e ajudar os nossos clientes a encontrar as braceletes que melhor se ajustam aos seus relógios e preferências pessoais. Queria assim, encontrar uma solução para os meus relógios, e com isso ajudar também outras pessoas que sentem a mesma dificuldade.

Hoje em dia, sinto que o relógio do meu avô é um privilegiado, sempre que penso numa coleção de braceletes nova, e que combine também com o relógio, tenho logo vontade de trocar a bracelete e dar ao relógio uma nova vida.

Para concluir (porque o texto já vai longo)

Hoje acredito que o relógio é uma extensão da nossa personalidade e do nosso estilo pessoal. Nunca uso uma bracelete de relógio, que não gosto e que não reflita a minha identidade.

Usar a mesma bracelete de relógio dia após dia é extremamente aborrecido, por isso sugiro que dê uma nova vida ao seu relógio oferecendo-lhe uma nova bracelete de vez em quando. Com uma simples troca de bracelete hoje pode ter um relógio clássico, amanhã um relógio desportivo e noutro dia um relógio prático. Arrisque!

Espero que não o tenha maçado muito com a história do relógio do meu avô. Sei que existirá por aí tantas histórias semelhantes, e que muitos dos relógios que têm uma bracelete da NorteSpring têm um valor emocional muito grande para os nossos clientes. Por essa razão sabemos que temos de estar à altura desse desafio, e ter as melhores braceletes para o seu relógio.

Obrigada por estar desse lado.  Este é o relógio do meu avô: